Nascida em São Luis / MA em 1825, Maria Firmina dos Reis é considerada a primeira escritora de romances do Brasil.
Mulher negra e bastarda, Maria Firmina passou por cima do racismo e do preconceito, publicando seu primeiro romance em 1859 “Úrsula”. O romance foi o primeiro escrito por afrodescendentes da literatura brasileira, assim como o relato sobre a escravidão contado a partir da visão dos próprios escravos.
Maria Firmina omitiu seu nome como autora da obra, utilizando o pseudônimo de “uma maranhense” devido à época em que as mulheres eram limitadas e viviam sob preconceitos.
A obra Úrsula antecipou o poeta Castro Alves com suas poesias abolicionistas, ocupando um espaço até então ocupado por homens brancos e ricos. Maria Firmina deu voz aos escravos e aos seus sofrimentos de forma política, denunciando os absurdos vivenciados no século XIX.
“Úrsula é uma narrativa marcada por desencontros, ilusões e decepções tendo como principal diferencial um desfecho fatídico e infeliz, contrastando com os finais felizes esperados para as narrativas da época, para que agradassem ao público feminino. O romance traz a história da jovem Úrsula que, aprisionada por um tio mesquinho em uma fazenda falida no nordeste do Maranhão, vê-se envolvida em uma tragédia familiar e amorosa: sua mãe é doente e depende de seus cuidados e o grande amor de sua vida, Tancredo, é assassinado pelo tio que na verdade, a ama e deseja desposá-la.” Andreta, Bárbara Loureiro. A voz e a memória dos escravos: Úrsula, de Maria Firmina dos Reis
Obras Publicadas
- Úrsula. Romance, 1859.
- Gupeva. Romance, 1861/1862 (O jardim dos Maranhenses) e 1863 (Porto Livre e Eco da Juventude).
- Poemas em: Parnaso maranhense, 1861.
- A escrava. Conto, 1887 (A Revista Maranhense n° 3)
- Cantos à beira-mar. Poesias, 1871.
- Hino da libertação dos escravos. 1888.
- Poemas em: A Imprensa, Publicador Maranhense; A Verdadeira Marmota; Almanaque de Lembranças Brasileiras; Eco da Juventude; Semanário Maranhense; O Jardim dos Maranhenses; Porto Livre; O Domingo; O País; A Revista Maranhense; Diário do Maranhão; Pacotilha; Federalista.
- Composições musicais: Auto de bumba-meu-boi (letra e música); Valsa (letra de Gonçalves Dias e música de Maria Firmina dos Reis); Hino à Mocidade (letra e música); Hino à liberdade dos escravos (letra e música); Rosinha, valsa (letra e música); Pastor estrela do oriente (letra e música); Canto de recordação (“à Praia de Cumã”; letra e música).
Já em 1880, Maria Firmina fundou uma escola para meninos e meninas, gratuita o que acabou num escândalo na época. A escola acabou sendo fechada após três anos.
A escritora exerceu por muitos anos o magistério e recebeu o título de Mestra Régia. Participou ativamente da imprensa local com publicações de poesias, ficções e crônicas
Maria Firmina dos Reis faleceu em 1917, infelizmente ainda pobre e cega no município de Guimarães no Maranhão.
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